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CARTA À COMUNIDADE - TÉRMINO DA GESTÃO LUTEMOS - SINDS/UFSJ


Vivemos em um país onde a concentração de renda é escandalosa, com uma sociedade conservadora e que possui baixo grau de envolvimento político, e o serviço público, sobretudo as Universidades Públicas e seus servidores, estão sob intenso ataque. É contra esse cenário que nós lutamos e compusemos a direção que hoje deixa o Sinds-UFSJ. Orgulhamo-nos do rótulo de radicais que tantas vezes nos foi dado por sermos intransigentes na negociação dos direitos dos servidores públicos e intolerantes com os fascistas que estão dentro e fora da UFSJ.


De fato fomos e somos radicais na nossa conduta em defesa de uma sociedade e de uma Universidade verdadeiramente democrática, plural e humanista, que aprofunde esses valores, infelizmente ainda longe de serem realidade inclusive nos campi da UFSJ, os quais ainda refletem preconceito, perseguição e toda forma de assédio.


Sempre fomos radicais no combate à conduta fisiológica que impera dentro da estrutura da UFSJ na busca por cargos e no comodismo dos discursos e práticas que procuram esconder a covardia de muitos que optaram pela neutralidade cúmplice nesse momento histórico de enfrentamento.


A nossa escolha sem temor foi a esquerda política, e essa é uma prerrogativa inegociável, pois é na esquerda e no socialismo que está o combate à pobreza, a luta ombro a ombro com os desvalidos e que se tem em mira a utopia da igualdade.


Nesse campo político encontramos nas trincheiras de luta a solidariedade de pessoas e entidades que comungam do mesmo espírito, desde a juventude e coragem dos discentes do DCE, passando pela parceria cúmplice da ADUFSJ, ao sindicalismo puro e combativo dos “metaleiros” (metalúrgicos do Sindmetal).


A nossa jornada nesses três anos foi de um enfrentamento sem precedentes às forças que ameaçam as bases da sociedade democrática. O bolsonarismo vitorioso nas urnas em 2019 nos coloca desafios incomensuráveis, os quais desde o início enfrentamos com todas as forças e estratégias que dispunhamos. Com vitórias e derrotas, enfrentamos o Projeto Future-se e os cortes nas Universidades em 2019 compondo as jornadas de 15M e 30J, lutamos pela democracia como protagonistas na Consulta Informal para a Reitoria da UFSJ, impedimos a abertura dos campi da UFSJ no pior momento da pandemia, garantimos a vacina como condicionante primordial para o retorno presencial, combatemos práticas de assédio em vários campi da Universidade, trouxemos um olhar mais combativo aos eventos que marcam a luta das mulheres no mês de março, fizemos dezenas de debates sobre temas de interesse da categoria técnica-administrativa em educação, ocupamos os espaços de decisão na busca por melhores condições de trabalho, mobilizamos o debate amplo sobre o teletrabalho e a IN 65, atuamos como grupo protagonista na Frente Fora Bolsonaro ao longo de 2021, travamos lutas contra a Reforma da Previdência e a PEC da Reforma Administrativa, construímos uma atuação histórica com DCE e ADUFSJ, formando uma frente destacada de luta, realizamos uma gestão administrativa e financeira transparente do sindicato e prezamos pela valorização do quadro de pessoal da secretaria do Sinds-UFSJ.


Ao sair, o nosso olhar para trás é de quem fez o que foi possível e às vezes até o que estava além das nossas prerrogativas, em consonância com o espírito exigido nesse tempo que vivemos. A pandemia de Covid-19 nos levou a algo inédito, um genocídio que já ceifou a vida de mais de 600 mil brasileiras e brasileiros por omissão de autoridades governamentais. Ainda trouxe consigo a fome e o desalento. Mesmo enfrentando resistências internas de nossa base sindicalizada, promovemos uma campanha de solidariedade relevante com a distribuição de recursos financeiros que contribuíram com diversos projetos. Lamentamos ser pouco o que se doou e o que se fez, pois perdemos vidas, e muitas delas poderiam ter sido evitadas com o uso de máscaras, vacina no braço e comida no prato.


O olhar para frente é de uma certeza corajosa de que é possível mudar a realidade, pois é na micropolítica que se constrói um mundo melhor, é desafiando o discurso da permanência, do “sempre foi assim”, que se implanta algo inovador. Afinal, estamos em uma Universidade, onde ousar deveria ser a tônica. Ousamos e conseguimos ultrapassar os limites dos muros da UFSJ.


Mudamos agora nossa posição na luta, mas não a forma, pois permaneceremos nas fileiras das falanges rubras que cortam as vielas tortuosas da nossa cidade barroca, dias em que tornamos mais coloridas as praças e ruas, pois é anúncio de que o dia de luta por justiça social se faz necessário e é preciso encarar a besta fascista.


Enquanto perdurarem a dor, a fome e as desigualdades sociais estaremos combatendo os promotores desse desequilíbrio social. Seguiremos irmanados em um misto de orgulho e utopia com as muitas Bias, Josés, Anas, Rafas, Marinas e Marias, pois é com esse povo que temos a certeza de que a luta será travada nas ruas, pontes, praças e avenidas, em cada espaço, em cada instante… LUTEMOS! É com esse chamado que damos as boas-vindas à gestão Juntos Somos Mais. Que possamos juntos colocar os pés em um futuro melhor!

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