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NOTA PÚBLICA -

Diante da realidade imposta pela pandemia de Covid-19, a única certeza que nos restou foi: não sairemos dessa situação-limite com a mesma consciência de antes. Angústias, medos, incertezas exigem de nós um novo posicionamento, que tenha como base o bem estar do ser humano. São necessárias novas e sensíveis formas de relacionamento com as pessoas, o meio ambiente, a economia e o consumismo. E na esfera do trabalho não é diferente. Acompanhamos o inevitável processo de reorganização do trabalho e entendemos que o princípio norteador dessa transformação é o respeito à vida.

No Brasil, a pandemia escancara nossos, já violentos, abismos sociais e denuncia as práticas segregativas e excludentes das políticas públicas, que já submetem a maioria de brasileiros a um extermínio social. Enquanto assistimos aos esforços dos profissionais de saúde na linha de frente do combate ao novo coronavírus, somos bombardeados a todo tempo por notícias que demonstram claramente a insensibilidade e incompetência de diversos governantes no enfrentamento a esta crise. Ações desencontradas entre as esferas federal, estadual e municipal e a falta de diretrizes sanitárias qualificadas deixam o país à mercê da própria sorte. Aliás, como falar de sorte, se o representante máximo do Poder Executivo responde a dados alarmantes com um breve “E daí?”. Cada número ignorado pelo presidente tem nome, cor e identidade.

Nesse momento de crise, a Universidade pública brasileira tem demonstrado sua enorme potencialidade e tem sido farol para muitas das incertezas que ameaçam o país. Movida por estudantes, técnicos-administrativos em educação, colaboradores terceirizados e docentes, a universidade tem na sua base uma pluralidade de vidas e histórias.

Atentos a heterogeneidade característica da universidade, a gestão do SINDS-UFSJ vem a público manifestar suas preocupações e anseios quanto aos rumos da UFSJ neste cenário da pandemia de Covid-19. Tivemos aulas presenciais suspensas, como primeira medida da gestão anterior, e enfrentamos naquele momento, um cenário de incertezas quanto aos trabalhos administrativos, que gradualmente tornaram-se remotos, após submissão de planos de trabalho. Porém, ainda assistimos a permanência na Universidade de vários servidores e terceirizados na manutenção desse patrimônio que é a universidade.

Sentimos que, hoje, desconhecemos quem são os sujeitos isolados e quem são os sujeitos mais expostos, ainda em trabalho presencial dentro das universidades. Cada um desses agrega a sua rotina toda uma série de cuidados para preservação de suas vidas e de seus entes queridos. Tarefas simples, realizadas antes com autonomia e tranquilidade, incorporam agora rituais de segurança para serem concluídas.

Com a chegada de uma nova gestão, o SINDS-UFSJ se manifesta no sentido de defender o bem estar das pessoas como balizador das diretrizes da UFSJ frente à pandemia de Covid-19. Entender e respeitar pessoas é a primeira e mais urgente medida. Nada estará sólido se a base que sustenta a Universidade for ignorada e mantida na invisibilidade. Assim como as mortes por Covid-19 não são apenas números, as pessoas, histórias e famílias que seguem sobrevivendo a tudo isso também não se reduzem a números. Toda e qualquer ação deve estar interconectada a nova realidade que nos foi imposta pelo novo coronavírus.

A discussão sobre adoção de atividades acadêmicas de maneira remota tem sido tema central para muitos dos atores sociais que compõem a universidade e motivo de desgaste para a parcela dos trabalhadores administrativos (efetivos e terceirizados) que trabalham diretamente nos departamentos e coordenadorias de cursos. Porém, antes de discutirmos sobre o futuro das atividades (formaturas, reposição de aulas, andamento de projetos de pesquisa e extensão), é preciso sermos afetados pelo outro, pelo isolamento e pelos efeitos físicos e psicológicos derivados desta crise. É essencial que saibamos das condições de vida e de trabalho dos colaboradores terceirizados, dos técnicos-administrativos, dos docentes e dos estudantes.

Somos contra falarmos de estudo remoto emergencial sem falarmos das inseguranças emergenciais das pessoas, da saúde física e mental previamente. Somos contra discutirmos reposição de aulas sem os objetivos estarem expressos e transparentes dentro da nossa instituição e especialmente alinhados entre as pró-reitorias. Somos contra falar em retorno ao trabalho sem a garantia de diretrizes seguras que preservem os direitos dos trabalhadores e orientem o funcionamento da UFSJ durante a pandemia do Covid-19.

Queremos que as pessoas, especialmente as que têm poder de decisão em mãos, sejam razoáveis e justas. Queremos que colaboradores terceirizados e técnicos-administrativos sejam ouvidos, tenham espaços de voz e voto assegurados. Necessitamos que a gestão da crise tenha transparência e coletividade institucionais. A partir daí, toda e qualquer discussão obterá um real envolvimento daqueles que, assim como seus dirigentes, prezam pela manutenção da UFSJ como instituição pública, gratuita, de qualidade e norteada pelos princípios democráticos.

E com esse conjunto enorme de preocupações sobre as condições de trabalho, o debate que prolifera pela Universidade sobre a adoção de aulas em caráter remoto, que nós da gestão (Lutemos) do Sinds-UFSJ achamos de extrema urgência debater esses assuntos com os servidores afetados. Assim, convidamos os servidores sindicalizados, não sindicalizados, e também os parceiros terceirizados, para uma REUNIÃO AMPLIADA ONLINE na próxima quinta-feira (28 de maio de 2020 às 14 horas).

Gestão Lutemos!


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