
Carta da direção do Sinds-UFSJ à Comunidade Universitária
A gestão (LUTEMOS) do Sinds-UFSJ vem a público manifestar o seu repúdio contra o pensamento obscurantista e negacionista que impera no país e que bateu na nossa porta. No dia de ontem, quando por interesses de uma minoria, o CONEP aprova um relatório de retorno presencial para o curso de medicina, a UFSJ se coloca do lado contrário à saúde e ao isolamento social, tão necessários nesse momento.
A categoria dos técnicos administrativos já havia deliberado por paralisar no dia de hoje (10/12/2020) por várias razões, entre elas o fato de servidores que trabalham nos cursos de Medicina estarem sendo pressionados ao retorno presencial, fato que foi amplamente comprovado com as falas de diversos conselheiros e outros membros da comunidade presentes na reunião.
Os Conselheiros que aprovaram ou se abstiveram de posicionar sobre o relatório de retorno presencial tiveram uma posição contrária aos órgãos de saúde e os dados científicos, que apontam a elevação dos casos de contaminação por COVID-19 na região e que estão gerando pressão crescente sobre os sistemas de saúde.
Os Conselheiros que aprovaram o relatório autorizando o retorno presencial assumem para si a responsabilidade por toda comunidade e seus familiares, em razão do que essa decisão pode ocasionar sobre as pessoas atingidas, pois avaliamos que vidas serão colocadas em risco.
Os fatos e decisões de hoje são graves e alarmantes com consequências sobre vidas. Entendemos que devem ser apuradas as responsabilidades dos envolvidos nessa decisão.
A posição do CONEP contraria a decisão do CONSU, que deliberou pelo retorno presencial somente após o final do próximo semestre remoto em abril mediante parecer favorável do Comitê de Covid-19 da UFSJ e acesso a vacinas seguras e com eficácia satisfatória.
A falta de consulta ao Comitê de Covid-19 da UFSJ, órgão consultivo e dotado de autoridade para avaliar questões referentes a pandemia, é algo a ser avaliado como muito grave na decisão que foi feita sem esse órgão estar envolvido. Ressaltamos que esse órgão mantém a sua posição quanto ao não retorno de atividades presenciais.
A falta de levantamento sobre a possibilidade de aumento de terceirizados, servidores e alunos que poderão estar em circulação pelo Campus da UFSJ, em caso de retomada de atividades presenciais, mostra a falta de dados consistentes para a decisão que o Conselho assumiu.
Destacamos ainda a ausência de avaliação das ponderações dos técnicos, os quais apresentaram argumentos sólidos contrários a retomada de atividades presenciais. Como exemplo dos argumentos apresentados, destacamos que a gestão desconhece quais técnicos são do grupo de risco ou vivem com pessoas do grupo de risco, bem como a presença de servidores que nesse momento estão no trabalho de coordenação de diagnóstico Covid-19 poderem ser deslocados dessa atividade essencial para atenderem atividades de retorno presencial.
Assistimos atônitos a membros da gestão fazendo discursos abertos de defesa do retorno presencial, o que corrobora com a linha de pensamento do atual governo federal, que menospreza a pandemia e vidas já ceifadas por essa doença.
O Sinds-UFSJ não tem outra alternativa a não ser se posicionar veementemente contra a decisão do CONEP de aprovar um relatório de retorno de atividades presenciais no momento de explosão de casos de Covid-19 na região.
Assim, reafirmamos a necessidade de paralisação dos servidores e a adoção imediata de todas as formas de enfrentamento que forem necessárias. Garantir a defesa da vida, do pensamento livre e ligado à ciência é compromisso de todos que são defensores de uma Universidade Pública e socialmente referenciada.